O modelo que até pouco tempo era o carro chefe da Fiat mudou novamente. Finalmente depois de 15 anos ganhou uma geração realmente nova. Após várias reformas ele agora pode voltar a ser chamado de novo.
Criado para ser um carro mundial, o Palio fez sucesso mesmo só no Brasil e na Argentina, ainda que seja produzido na Turquia, África do Sul, Índia e China, além de ser feito sob licença até na Coréia do Norte.
Por aqui ele é um modelo muito importante, já que foi o principal produto da marca italiana durante anos e com ele a Fiat alcançou o topo do mercado nacional. Antes de fazermos a análise de estilo, vamos lembrar um pouco da sua história.
Lançado em 1996 com 2 e 4 portas, o Palio foi o início de uma família de sucesso no mercado latino-americano. Criado pelo estúdio I.DE.A em Turin, Itália, ele nasceu para suceder o Uno (na Itália o Uno foi substituído pelo Punto).
Seu projeto envolvia custos contidos, desenho refinado e amplas possibilidades de carroceria. Foi lançado então o hatch 2 e 4 portas. O resultado foi algo bem interessante. Um carro de linhas simples, frente em cunha e detalhes refinados, como os faróis afunilados que davam forma a grade (que muitos chamavam de boca de bagre), lateral lisa sem qualquer interferência de frisos ou estampas e lanternas traseiras delicadamente integradas ao vidro traseiro.
Nesta época, 1996, tínhamos carros pequenos e atualizados, como o Corsa de 93, que ainda estava atual graças às suas linhas completamente arredondadas, e o VW Gol, que tinha passado por ampla reforma no ano seguinte.
O Ford Fiesta chegou junto com o Palio e embora trouxesse um conjunto mais refinado, tinha um estilo insosso. A família Palio foi aumentando aos poucos, em um processo que levou 2 anos, terminando com o lançamento da Strada no Salão do Automóvel de 1998.
Antes dela viriam ainda, respectivamente, a Weekend substituindo a Elba ainda no final de 1996 e o Siena, que substituía o Prêmio (vendido com Duna em seu ano de despedida, 1995) lançado em 1997 e vindo da Argentina.
Ao longo de sua vida, o Palio sempre foi um produto onde a Fiat fazia sua “vitrine”. Embreagem automática (Citymatic), banco do motorista com regulagem elétrica de altura etc. Em 2000, já como linha 2001, ganhou uma reestilização onde a família ficou mais discreta (tendo como inspiração o Gol G3 lançando um ano antes) com faróis bi-parábola retangulares e fazendo do Siena um sedã mais interessante.
O interior ganhava também uma discreta repaginada. A perua continuava discreta e agora líder do segmento, desbancando a então inabalável Parati. A Strada teve que esperar um pouco mais, em 2001 (modelo 2002) para ganhar esta reestilização.
Como o lançamento da nova linha em 2001, o Palio antigo ainda sobreviveu em uma nova versão, surgida do EX antigo e simplificada, a Young. Em 2003 (linha 2004) veio sua segunda reestilização, que assim como a primeira, foi conduzida por Giorgetto Giugiaro.
Esta segunda reforma adicionou tamanho aos faróis e lanternas para que todos parecessem maiores. O Palio, apesar de mais genérico, agradou. A perua saiu da discrição e apresentou uma traseira carregada com lanternas em formato de panetone (onde apenas metade tinha função prática) e o O Siena caiu de vez no gosto popular com lanternas maiores e nova tampa do porta malas, mais alta.
A Strada continuou sendo a última, mas menos atrasada e trazendo uma nova estampa na tampa da caçamba. Em 2002 ainda, a Young deixa de existir, ficando a versão reestilizada em 2001 com para choque sem pintura e o sobrenome Fire, embora tivesse o interior antigo.
O Siena também passa a fazer parte do clube “2 gerações”, onde a antiga continuava sendo vendida, em uma versão simplificada e a nova em versões mais caras. A estratégia de manter as duas linhas se mantém até hoje, para que a Fiat possa ter produtos competitivos em todos os segmentos e até mesmo subcategorias.
Foi nesta reestilização que a família ganhou um painel mais moderno. Mais alto que o anterior, deu um certo requinte graças ao seu tamanho, aos materiais usados e o duplo porta-luvas mas evidenciando um interior apertado, fruto de um projeto que já mostrava suas rugas.
Porém, foi em sua última reestilização que começou seu tempo de nuvens negras. Em 2007, já como modelo 2008, foi apresentada a terceira reestilização. Desta vez, apesar de mais extensa, a mudança não foi bem acolhida pelo público.
Os custos limitaram a reforma e desta vez ela foi feita aqui mesmo, no Brasil. Os faróis que era bi-parábola deram lugar a um mais simples, a lateral exibia agora um vinco (que surgiu originalmente para a Weekend para tirar a sensação de traseira caída) e as lanternas perdiam, pela primeira vez em toda sua história, a orientação vertical e a comunicação com o vidro traseiro.
O Siena começa a ensaiar aqui o descolamento do Palio. Sua dianteira passa a ostentar um farol de dupla parábola e uma grade com aletas horizontais ao invés da quadriculada do Palio (dianteira esta que é estendida ao Palio em 2009).
Suas lanternas continuam horizontais mas agora mais estreitas, com um certo ar de Alfa Romeo e com a parte inserida na tampa traseira com função prática, abrigando lâmpadas de ré, por exemplo. A Weekend também passa por um redesenho, ganhando vidros laterais traseiros ascendentes que em conjunto com o vinco lateral, conseguem “levantar” a imagem da traseira e lanternas tem desenho próximo ao do Siena.
Aqui quem começa a levantar voo solo é a linha Adventure, que nunca tinha primado pela discrição mas que agora passa a exibir caixas de rodas exageradas e com cortes retos abrigando rodas aro 15” com pneus de perfil alto, grade cromada e uma profusão de plásticos cinza.
A Strada Adventure segue a mesma linha, ganhando em 2010 a versão cabine dupla, para 4 pessoas. Como o novo Palio, desta vez novo mesmo, a Fiat espera recuperar o terreno perdido, até mesmo pelo fogo amigo do Novo Uno, um projeto mais moderno e mesmo assim mais barato.
Ao que parece, ainda que ele não tenha muita referência com sua história, tem grandes chances para conseguir isso.
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